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Notícia - Trabalho, fonte de sentido para a vida humana
28/04/2015 Trabalho, fonte de sentido para a vida humana
Primeiro de Maio ficou marcado como uma ocasião de reivindicações. Nesta data, em 1886 e em todo o mundo, iniciou-se uma greve pacÃfica buscando reduzir a jornada de trabalho de doze a quatorze horas para oito horas diárias, inclusive aos sábados, já que nos domingos ela era de quatro horas.
Tal solicitação se embasava na tese de um pastor protestante inglês, John Peacock, para quem Deus fizer o dia com 24 horas exatas, a fim de que elas fossem divididas em três como o número da SantÃssima Trindade: oito pra o trabalho, oito para dormir e oito para orar.
Entretanto, em Chicago, Estado de Illinois nos Estados Unidos foram mortos pelas forças policias e repressivas, cerca de oitenta pessoas entre homens, mulheres e crianças que protestavam. Oito dirigentes do movimento enfrentaram o chamado Processo da Praça de Mercado, que durou dezoito meses, ao fim do qual foram condenados: cinco à morte e três à prisão perpétua. Passados cento e vinte anos após a execução, esses operários continuam a ser lembrados.
Tanto que em Montevidéu, capital do Uruguai existe a Praça Mártires de Chicago. O que de certa forma concretizou a profecia feita por uma das vÃtimas, August Spies, que pouco antes de morrer, afirmou: “Virá o dia em que o nosso silêncio será mais poderoso do que as vozes que vocês estrangulam hojeâ€.
Posteriormente, também em função do ocorrido, os governos e os sindicatos decidiram escolher uma data para homenagear a luta pelos direitos trabalhistas, sendo o primeiro dia do mês de maio o mais votado pela maioria das nações industrializadas, permanecendo como o momento mais significativo das conquistas e das uniões de trabalhadores.
Talvez pelo remorso do cruel ato praticado contra inocentes e por um dos paradoxos da história, os Estados Unidos, ao contrário, celebram o Dia do Trabalho na primeira segunda-feira de setembro. Em nosso paÃs, o festejo ocorreu pela primeira vez em 1895, na cidade de Santos por iniciativa do Centro Socialista daquela cidade. Em 1924, o presidente Arthur Bernardes baixou decreto considerando a data feriado nacional.
Ainda hoje persistem problemas que afligem os empregados e prestadores de serviços em geral. Para começar no Brasil, os requerimentos éticos se prestam a um salário mÃnimo mais justo e que se configure como poder de compra, procurando restituir a dignidade e auto-estima do trabalhador. A nossa legislação trabalhista é considerada anacrônica, ultrapassada, detalhista e irreal.
Por outro lado, recente relatório da OIT – Organização Internacional do Trabalho apontou que existem em todo o planeta, doze milhões de seres humanos, vÃtimas de trabalho forçado (escravo), sendo que quatro de cada cinco indivÃduos nestas condições atuam para agentes privados, principalmente na economia subterrânea ou informal.
Esses são alguns exemplos da ampliada descrição das questões que afetam o amargo quadro do labor na atualidade. No entanto, é preciso unir esforços para enfrentar os desafios, sobressaindo-se como primeira atitude, a solidariedade fraterna, percebendo a árdua condição dos excluÃdos sociais e a urgência de encontrar soluções visÃveis no campo e na cidade.
O saudoso Papa João Paulo II, ao celebrar o Dia do Trabalho em 2002, reiterou a importância de se preservar a dignidade. “Pode-se dizer, de uma certa forma, que o homem se torna mais humano através do trabalho, Por isso o gosto pelo trabalho é uma virtude. Mas, para que a virtude do trabalho permita ao homem tornar-se mais humano, é necessário que seja vinculada a uma ordem social. Somente nestas condições é que podem ser salvaguardadas as inalienável dignidade da pessoa e o valor humano e social do trabalhoâ€.
Por outro lado, visto de um ângulo existencial e geral, o trabalho é, sobretudo, fonte de sentido para a vida humana. De acordo com Dulce Criteli, professora de filosofia da PUC-SP e autora de diversos livros, “o trabalho nos revela para os outros e para nós mesmos. Por meio dele construÃmos nossa identidade. A partir dele descobrimos habilidades, poderes, limites, competências, alegrias, tristezas... Criamos vÃnculos com as pessoas, com os ambientes, com a cidade e a nação.
Por meio dele entramos em contato com os costumes da sociedade, suas leis, sua moral seus anseios e filosofia de vida, e os assimilamos. Nos comprometemos com causa e uns com os outros. Desenvolvemos interesses, afinidades, finalidades e metas para nossa vida. E também afinamos sonhos medos, desejos...†(Folha de São Paulo- suplemento “EquilÃbrioâ€- 02/03/2006 – p. 02).
Liberdade de Imprensa
Em 1993, a Assembléia Geral da ONU – Organização das Nações Unidas proclamou três de maio como o DIA INTERNACIONAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA, com base numa resolução da UNESCO que estabeleceu o preceito de que uma imprensa livre, pluralista e independente, é componente essencial de qualquer sociedade democrática. Esta data foi assim designada em homenagem a Declaração de Windhoek para Promover uma Imprensa Africana Independente e Pluralista, aprovada a 3 de maio de 1991 pelo Seminário realizado em Windhoek (NamÃbia) sobre o mesmo tema.
Efetivamente, a liberdade de imprensa é de grande importância ao regime democrático, pois nele “nenhum indivÃduo humano transfere seu direito natural a um outro (em proveito do qual ele aceitaria não mais ser consultado). Ele o transfere ao todo da sociedade da qual é parte. Os indivÃduos permanecem, assim, todos iguais, como no estado de natureza†(Spinoza, Tratado Teológico-PolÃtico, 16 – apud Roberto Romano- “Renasce a censura†– Folha de São Paulo-26/05/2005).
Por outro lado, Alberto Camus certa vez afirmou que “uma imprensa livre poderia ser boa ou má, mas que, certa mente, uma imprensa sem liberdade seria apenas máâ€. Assim, a imprensa deve ser livre e não pode aceitar distorções tanto no caminho da apuração como na divulgação ao leitor, respeitando ainda princÃpios éticos. Infelizmente na atualidade, grande parte dela em nosso paÃs desvirtuou seus objetivos, sucumbindo aos efeitos do Poder Econômico.
Por isso, vale invocarmos Rui Barbosa: “Um paÃs de imprensa degenerada ou degenerescente é, portanto, um paÃs cego e um paÃs miasmado, um paÃs de idéias falsas e sentimentos pervertidos, um paÃs que, explorado na sua consciência, não poderá lutar com os vÃcios, que lhe exploram as instituições.â€
*JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaà (martinelliadv@hotmail.com).
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