Uma pesquisa realizada pelo Programa Casa Segura traçou o perfil do consumidor de materiais de construção, constatando que 80% das casas recém-construídas não tem aterramento (sistema que elimina as fugas de energia e protege os usuários de um possível choque elétrico) adequado e não atendem às normas de segurança nas instalações elétricas.
Os dados levantados também mostram que 53% dos entrevistados não fizeram projeto elétrico, justificando que é muito caro.
O levantamento foi feito na grande São Paulo, porém vale como alerta. De acordo com o engenheiro eletricista Sidney Guerra, os projetos são feitos, porém na maioria das vezes não saem do papel.
“Os projetos devem ser apresentados na prefeitura antes do início da construção da obra, mas nem sempre o proprietário contrata um profissional habilitado para acompanhar o trabalho”, explica o engenheiro, acrescentando que é muito comum chegar em uma obra pequena, normalmente residencial, e não encontrar o engenheiro responsável pelo serviço.
Segundo Guerra, falta fiscalização e também a conscientização dos proprietários, já que instalações elétricas incorretas e falta de aterramento, por exemplo, podem causar sérios problemas.
“As pessoas querem economizar e não cumprem as normas estabelecidas nos projetos e na legislação”.
O não cumprimento das normas pode causar choque elétrico, curto-circuito e ainda o superaquecimento, que acontece quando a fiação é mal instalada ou mal projetada, podendo resultar em incêndio.
As principais irregularidades dos projetos elétricos, segundo Guerra, são a fiação mal instalada, falta de dispositivos de segurança e falta de aterramento ou aterramento mal feito.
Eletroeletrônicos
Com o aumento do uso de eletroeletrônicos aumenta o consumo de energia e também os riscos de acidentes com eletricidade.
Para adequar as instalações elétricas dos imóveis antigos à nova demanda e realidade, é preciso solicitar o serviço de um engenheiro eletricista que fará o levantamento do que já existe e realizar um trabalho de readequação das instalações.
“Normalmente nas casas antigas, os disjuntores ainda são aqueles do modelo americano que nãos são mais utilizados no Brasil. A legislação determina que sejam utilizados os disjuntores europeus”, exemplifica Guerra.
Além dos disjuntores, é necessário verificar toda a fiação e fazer o aterramento, caso o mesmo ainda não tenha sido providenciado.
Custo do projeto
De acordo com o engenheiro eletricista André Felix, o principal problema não está no preço dos projeto e sim na cultura da população que não visualiza os benefícios provenientes da contratação de uma empresa e/ou profissionais de engenharia que prestam este tipo de serviço.
“Um projeto elétrico bem elaborado acarreta racionalização dos custos de materiais, otimização na execução dos serviços, dimensionamentos correto de máquinas e equipamentos, entre outras vantagens que no final das contas irão agregar na redução de custos totais da obra, além da certeza que a instalação estará dentro dos padrões estabelecidos nas Normas Técnicas Brasileiras”, reforça ele.
Felix ressalta que a energia elétrica é muito perigosa e o profissional de engenharia agrega na elaboração do projeto a proteção não só dos equipamentos, mas “a segurança de pessoas que interagem direta ou indiretamente com o sistema elétrico”.